Voltamos hoje de trem, numa viagem que durou 3h30 no relógio de pulso, mas uma vida no biológico.
O primeiro pecado, a INVEJA, aconteceu assim que um casal entrou no corredor do trem com uma bebê num carrinho super hi-tech e minúsculo. O pai dobrou o carrinho em três e o guardou no compartimento acima das nossas cabeças. O do João entalaria no corredor e teve que ser colocado pelo Fernando no compartimento de carga, junto com a mala, enquanto eu entrava no trem com o João no colo, a
minha bolsa, a bolsa de fraldas e a aparência de um burrico mexicano atravessando o deserto.
Quando vi o tamanho que o carrinho deles ficava, olhei para o Fernando e falei: "olha bem a marca, entra agora na Amazon e vê se tem pra vender!"
E não é que tem!?!? Mas aí que entra o segundo pecado capital... A AVAREZA, agravada pela alta do dólar. Achamos muito caro e decidimos que sai mais barato fazermos força e depois gastar com Dorflex.
A viagem começou e logo mais um pecado se manifestou. João estava simplesmente IRADO, possuído por uma agitação que não é dele. Ele não parava quieto, escalava meu colo para puxar o cabelo da pessoa sentada atrás de mim, gritava, chorava.
Enquanto isso, o casal e a bebê dormiam tranquilamente na cabine ao lado. Eles pagaram para a menininha ter um assento e a mãe pôde ir praticamente deitada com ela. Não aguentei e tirei uma foto rapidinho só para ilustrar a grama mais verde do vizinho.
A bebê também mamou tranquilamente e o João, diante da cena, gritava ainda mais, cobiçando a mamadeira dela. Pura GULA, porque ele havia acabado de se encher de banana e biscoito. O pai da menina chegou a perguntar se fazia tempo q ele não comia. Quase falei: "monsieur, acha que dá pra alguém ter bochechas deste tamanho ficando muito tempo sem comer???"
A viagem seguia e o João seguia possuído pelo espírito da bagunça. Cansou de ficar no colo e uma bela hora resolveu que bater na janela com força era divertido. Para ele sim, mas para o restante do vagão não muito.
Com muito custo fizemos ele mudar de atividade. Ele só sossegou quando começou a rasgar papel.
Deixamos ele sujar tudo e depois limpamos, mas pelo menos ele ficou quieto por quase meia hora. Pelo jeito, rasgar o livro de colorir Jardim Secreto deve acalmar mais do que pintá-lo...
Durante a rasgação, a bebê ao lado brincava candidamente com uma bonequinha de pano fofa e a cara de SOBERBA da mãe dela ao ver o João rodeado por papel picado chegou a ser engraçada.
A viagem finalmente acabou e aí foi outro perrengue no metrô de Paris até o apartamento com o carrinho, as bolsas, uma mala grande pesada e as mil escadas para subir e descer. Não deu nem tempo para ter PREGUIÇA.
Saímos do metrô e estava caindo uma bela chuva. Chegamos em casa molhados, sujos de banana, papinha sabor peixe, papel picado e farelo de biscoito.
Se não tivemos tempo pra preguiça, imagina pra LUXÚRIA...





































